Nunca fui uma pessoa sortuda
20 de dezembro de 2017
As pessoas costumam olhar para alguém que obteve ‘sucesso’ em alguma área de sua vida e dizer ‘aquela pessoa teve sorte’, ‘aquela pessoa é sortuda’. É só você alcançar ou conseguir algo que escuta que é sortuda. O que é ser uma pessoa sortuda? Sorte significa uma força invencível que entrega eventos, conquistas ou bens de forma favorável para uma pessoa. No bom português sorte é ganhar algo sem precisar fazer nada por ele. Ser uma pessoa sortuda é dizer que a tal pessoa conseguiu algo sem merecer, sem ter feito algo para conquistar.
Ninguém que faz sucesso em alguma área da vida é apenas sortudo. Por mais que a pessoa possa até conquistar sem ter feito muito, um pouco ela precisa ter feito, nem que tenha sido sair de casa e gastar uns trocados apostando na mega sena. Mas fez algo.
Eu nunca fui uma pessoa sortuda. Tudo o que tenho, o que já conquistei, trabalhei duro, passei privação de algumas coisas, dormi pouco por longos períodos, mantendo bem mais de duas ocupações, plantando ‘minha sorte’ para um dia alcançar alguns resultados. Me incomoda profundamente, até me irrita em alguns momentos, ouvir que eu sou uma pessoa sortuda. Eu não tropecei em uma promoção no emprego e bum, ganhei um aumento de salário. Eu não tropecei em uma escola e tcharam!! Ganhei um diploma. Estudei muito, li mais ainda e conquistei cada etapa dos diversos cursos que fiz. E olha, leio e estudo todos os dias, até hoje, isso mesmo que você leu. Eu, com 3 graduações, 4 especializações e um MBA, continuo estudando em casa, TODOS OS DIAS, inclusive sábados e domingos. Tenho uma lista gigantesca de assuntos para estudar, desenvolvi meu próprio método de estudos e estou plantando. Acordo mais cedo, durmo mais tarde, e dependendo do dia, vou dormir de madrugada, fico estudando depois que minha filha e meu marido já estão dormindo.
Por que estudar assim? Porque eu entendo que a minha sorte significa estudar. Foi estudando que eu conquistei o que tenho, o que sou e o que já fiz e conheci por aí. E-s-t-u-d-a-n-d-o. D-o-r-m-i-n-d-o p-o-u-c-o. R-a-l-a-n-d-o.
Eu não quero que minha filha seja sortuda, nem quero que meu marido seja sortudo. Caro leitor que me lê aqui nesse momento: eu não quero que você seja sortudo. Só quem trabalhou duro por alguma coisa, economizou, abriu mão de outras coisas, sabe o gosto maravilhoso de uma conquista. De poder dizer, fui eu. Eu fiz por merecer. Sorte nenhuma dá esse sabor para nossa vida. Sem falar que eu acho, opinião minha, que a sorte acomoda as pessoas, pessoas que tiveram sorte acabaram por se acomodar, poderiam ser muito mais, poderiam ter feito mais, mas se acomodaram por conta da tal sorte.
Se não sou sortuda o que sou? Sou esforçada, persistente, determinada, batalhadora, dura na maioria das vezes, aguento firme os trancos que levo. Aproveito as oportunidades que aparecem em meu caminho e trabalho muito, muito mesmo. Tenho paciência para plantar por muito tempo sabendo que a colheita valerá a pena, mesmo que demore.
Como Shonda Rhimes diz em seu livro ‘O ano em que disse sim’, “não me chame de sortuda, pode me chamar de durona”. E eu acrescento uma versão cristã a isso, não me chame de sortuda, pode até me chamar de durona (eu Janaina sei que sou durona), mas me chame de abençoada também. O que ganhei sem merecer, o que ganhei sem ter feito nada, ganhei de Deus e isso não é sorte, é amor. Favor imerecido da minha salvação, a graça para viver cada dia, pais, irmãos, sogros e cunhadas e cunhado, um marido que só pode ser presente de Deus, e uma filha abençoada.
Não sou sortuda, sou durona – trabalhei duro, ralei muito, e sou escandalosamente abençoada.
E você, o que é?
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