Eu não desisti!! Parte 1

Costumamos falar que por sermos brasileiros não desistimos nunca! Será mesmo? Todos os dias recebo notícias de pessoas que desistiram de algo que lhes era importante. Não  não estou falando de desistir por algo melhor, de escolher entre duas alternativas simplesmente. Mas estou falando daquele “desistir” de algo que nos é importante, muitas vezes crucial. Desistir de algo que é fundamental. Muitos já desistiram até de viver. E como canta Zeca Pagodinho, vão deixando a vida levar.

Como muitos brasileiros, como muitas pessoas do mundo inteiro eu já tive muitos motivos para desistir. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando saí da casa dos meus pais e fui tentar a vida sozinha em SP, apesar de ser tudo desconhecido, de ter apenas 17 anos. Apesar da saudade que apertava o coração, eu não desisti. Muitas noites peguei no sono de tanto chorar. Passei necessidades, acompanhada de outros amigos que estavam ali comigo, vivendo as mesmas coisas. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando descobri uma doença degenerativa nos meus olhos. Doença que já me provocou muita dor física e emocional. Já passei por um transplante de córnea no olho esquerdo. Já chorei muito com medo de ficar cega. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando me formei e por não aceitar mudar para o nordeste me vi desempregada em SP, sem emprego e sem família, sem ter onde morar, fui morar de favor. Sem opção na grande cidade de São Paulo, sofri, lutei, fui atrás. Mas eu não desisti.

Eu não desisti depois que um namoro e noivado de quase 4 anos chegou ao fim. Com enxoval quase pronto e as coisas do casamento em andamento. Depois de tudo passado, eu vi que foi o melhor. Mas naquele momento no meio da ruptura, eu sofri. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando após um casamento de quase dez anos, eu fiquei sabendo de uma vida que eu não conhecia com alguém que eu conhecia muito. Mesmo com muitas mágoas, lágrimas, dores, sofrimento, pensamentos confusos e revolta. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando fiquei sabendo que a pessoa que eu confiava não deveria ter sido da minha confiança. Sentimentos traídos no mais íntimo do meu ser. Coração despedaçado. Sofri e chorei. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando vi “até que a morte nos separe” acontecendo no meu primeiro casamento. Cinco meses de tratamento intensivo de um câncer. Sonhos mortos. Pensamentos desfeitos. Sentimentos mudados. Mas eu não desisti.

Eu não desisti quando ao tentar recomeçar minha vida, recebi enxurrada de críticas, sugestões e todo tipo de pitaco. Parecia que muitos queriam que eu chorrasse o resto da vida, que eu deveria curtir um luto eterno, sozinha. Mas eu não desisti.

Eu não desisti. Porque acredito que o melhor sempre pode acontecer.
Acredito na luta, na tentativa, na sobrevivência. Acredito no recomeço.

Em cada vez que eu não desisti e continuei tentando, algo muito melhor aconteceu, infinitamente melhor. Alegremente melhor. E vou continuar dizendo: Eu não desisti, eu não desisto e eu não desistirei, da felicidade, da alegria, do amor. Do recomeço.

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