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Lembrando de quem já se foi com um sorriso no rosto

Hoje de manhã recebi um aviso para ir com urgência até meu banco para resolver um assunto e resolvi ir a pé, pois a canoa já estava em cima do carro pronta para uma saidinha no feriado e eu não tinha feito ainda a caminhada do dia. Foram 2,8 km para ir e mais 2,8 km para voltar, uma boa caminhada, considerando que foi por volta das 11h da manhã na hora do sol forte.

Enquanto estava indo, cumprimentei algumas pessoas que vejo todo dia na minha rua e nos arredores e lembrei de alguns episódios ocorridos há muito tempo.

Eu estava nos primeiros meses da faculdade e como muitos estudantes, não tinha dinheiro pra comprar tudo o que queria e estava em uma fase que não podia comprar nem o básico que eu precisava. Esses primeiros meses de faculdade foram especialmente difíceis, tanto pelas condições financeiras, pela necessidade de muitas coisas, como pela saudade da família e dos amigos do Sul. Eu havia saído da casa dos meus pais em Santa Catarina com 17 anos e estava em São Paulo para cursar o que seria a minha primeira faculdade. Era o ano de 1997 (sim, faz muito tempo, eu avisei).

Por muitos meses eu e minha colega e amiga querida Elsilene, saíamos de casa e íamos até a biblioteca da Faculdade de Saúde Pública – USP, para fazermos nossos trabalhos de aula e estudarmos. Era uma forma de estudar e usar bons livros sem gastar o pouco que tínhamos comprando livros ou tirando cópias. Lembrando que naquele tempo não tinha Google e todas as ferramentas disponíveis na internet nos tempos de hoje. Todo sábado eu ficava por lá, quando cansava de estudar ou de ler, saia e dava uma volta nos jardins que tinham ao redor da biblioteca, e não sei quantas vezes chorei sentada em algum banco por ali.

O irmão João, eu não lembro exatamente a função dele ali, se era porteiro, se era recepcionista, mas ele estava sempre por ali nas proximidades dessa biblioteca, sempre nos cumprimentava de forma calorosa e gentil, com um sorriso no rosto “bom dia, bom estudo”.

Hoje, enquanto fazia essa caminhada e cumprimentava as pessoas na rua, lembrei do irmão João, sorri e mentalmente agradeci a Deus por ter conhecido uma pessoa que se tornou tão importante no início da minha trajetória em São Paulo. O irmão João Simas, da Igreja Assembléia de Deus, Setor 3, em São Paulo. Vou contar o que me fez lembrar dele.

Lembro da primeira vez que ele se aproximou, e eu sentada em um banco do lado de fora da biblioteca tentei disfarçar meu choro, e ele falou de Deus para mim. Disse que não sabia porque eu estava tão triste mas que Deus estava olhando por mim, que eu não estava sozinha e essas coisas. Eu respondi “eu sei disso, creio em Deus e sou evangélica”. O irmão Simas deu um sorriso todo simpático, e disse “eu também sou, a paz do Senhor então” e apertamos nossas mãos. A partir dali, ele ficou sabendo um pouco da minha curta história e toda vez que ia na biblioteca ele tinha algumas palavras animadoras e versículos para citar, sempre falando para eu não desistir dos meus objetivos. Com o tempo ele soube que eu não estava me adaptando na igreja que estava indo e me deu o endereço da igreja dele. Fui congregar na igreja da Lapa em abril de 1998 e fiquei lá até julho 2002.

O irmão Simas já não está entre nós. Faleceu em 2013, mas posso dizer que seu sorriso e suas palavras fazem efeito em mim até hoje, o “não desista” dele deixou uma marca no meu coração.

Por que lembro especialmente dele entre tantos porteiros e recepcionistas? O sorriso dele, o cumprimento cordial e a frase “você não está sozinha, Deus está contigo e cuidando de você sempre” fizeram a diferença em um dia de extrema tristeza, desilusão e que eu estava com muita mas muita vontade de desistir de tudo, sair de São Paulo e voltar para a casa dos meus pais. Aquele dia me deu vontade de ficar em São Paulo e vencer. E as palavras motivadoras dele somadas com as orações da minha família e de muitas pessoas, que eu não tenho nem ideia de quantas sejam, contribuíram para eu chegar onde cheguei.

Que essa pequena história que marcou o início dos meus anos na faculdade, me lembrem a cada dia de ter um sorriso no rosto e uma palavra de incentivo a todos ao meu redor que possam estar precisando, mesmo que sejam desconhecidos como um dia eu fui uma desconhecida para o irmão Simas, mas mesmo assim ele se aproximou e fez a diferença.

Faça a diferença na vida de alguém também, aprenda a sorrir mesmo com o coração chorando. Apesar que acredito que temos muito mais motivos para sorrir, para agradecer, a começar pelo fato de que Deus não nos abandona nunca, do que para chorar.

Você não está sozinho, Deus está com você nesse momento, em todos os momentos. Então dê um sorriso e compartilhe o grande amor de Deus com os conhecidos e com os desconhecidos ao seu redor também.

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