Quem sou eu?

Quem é esta pessoa que vejo no espelho todo dia de amanhã logo depois de acordar? Não sou apenas quem vejo no espelho, há partes de mim que não podem ser vistas, mas sentidas, há partes de mim que não podem ser sentidas, mas percebidas ou ouvidas também. E há partes do meu eu, que somente eu e Deus sabemos como é. Para alcançar a plenitude e a felicidade verdadeira é preciso antes aprender a aceitar esse ‘eu’ que existe e muda de acordo com as experiências da vida.

Mas vamos lá, quem sou eu?

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Eu sou uma mistura tão grande de coisas, que não é possível falar em poucas palavras. Já passei por 11 mudanças de endereço, e dentro de mim tem pedacinhos de cada lugar que já vivi, de cada lugar que já morei, de cada igreja que congreguei. Tenho amigos espalhados em cada lugar desses que influenciaram de alguma forma em quem sou hoje. Sou feita de lugares que morei, de influência de pessoas que convivi, que influenciaram nas minhas preferências de comidas, roupas e lugares que vou. 

Eu sou outono e um pouco primavera, estações de transição. Gosto do outono e tudo o que diz respeito, minha paleta preferida de cores são as outonais, gosto de bebidas quentes, chás sem açúcar, chocolate quente e muito café e qual estação podemos aproveitar tudo isso a vontade? Gosto de me sentir quentinha e aconchegada. Gosto de pães e massas, queijos e vinhos. Prefiro ficar quietinha no meu canto, com um livro nas mãos, enrolada em uma manta, e agora mais recente gosto de ficar em casa brincando com minha filha, do que sair para qualquer lugar. Mas tem dias que sou primavera, gosto de sair cedo e sentir a brisa fresca da manhã no rosto, os raios de sol nas costas. Gosto de admirar as paisagens e flores fora da cidade. Sou mais mesa que cama, mais noite que dia, mais flor que fruta, mais doce que salgado, mais silêncio do que música, mais pizza que comida trivial. Gosto de cores fortes nas unhas e praticidade para me vestir. Isso sou eu. 

Mas também sou sonhos interrompidos, sonhos desfeitos, coração partido e machucado – muitas vezes. Não choro por chorar, quando choro é para valer, choro muito mesmo. Sinto falta de pessoas com quem já convivi, sinto falta de lugares que já morei e por vezes tenho saudades de mim mesma. Durmo pouco, leio muito, sou intensa em tudo o que faço, já perdi muito, perdi pessoas, amizades e coisas, ganhei tantas outras, pessoas, amizades e coisas. Já desisti de muitas coisas e abri mão de outras, mas aprendi que tem coisas que luto por elas até morrer, não desisto e nem abro mão. Já sorri para não chorar, já fingi para não precisar explicar. 

Eu sinto pelas coisas que ainda não consegui mudar em mim, continuo lutando para ser diferente em muitos aspectos. Sinto pelas amizades que não cultivei e pelas que perdi, sinto por coisas que falei demais e pelas que deixei de falar. Mas nisso tudo, continuo vivendo, continuo aprendendo e vou melhorando, isso eu sei, estou melhorando a cada dia. 

Já liguei muito para quem não gostava de mim como sou. Hoje já não ligo mais, podem gostar de mim em partes, podem gostar de mim só quando precisam de algo que posso dar, ou podem simplesmente não gostar, não me importo mais tanto como antes. Minha preocupação hoje é eu me aceitar como sou, é eu gostar do que me tornei e no que estou me transformando a cada dia. Me aceito por inteira embora muitos só aceitem partes de mim. Não sou perfeita, não sou previsível. Tenho orgulho de quem me tornei. Não é nada fácil, nos aceitarmos como somos, com todas nossas imperfeições e defeitos, mas é possível e vale a pena. Continuo buscando melhorar, continuo querendo me desenvolver e crescer. Continuo guerreira, continuo lutando. Continuo trabalhando no meu maior plano, ser feliz a cada dia. 

Agora é com você, quem você é?